TRÊS MESES... Michael, we are here


O menino que fazia músicas abrindo com “Carmina Burana” e terminava com uma criança a “descodificar” a letra para surdos-mudos. Escreveu tantas mais, autênticas orações em forma de música.
Marchou à frente de exércitos, envergando vestes prateadas, na esperança de unir raças. Doou milhões de dólares durante toda sua carreira a causas beneficentes. Deu conferências onde as palavras-chave eram “futuro”, “crianças” e “amor”.
Abraçou quem lhe pediu abraços, afagou milhares de cabeças olhando enternecido pessoas que confiavam na sua límpida energia.
Confiou em muitos que o apunhalaram. Foi julgado e absolvido.
Para poder ser criança fechou os portões da casa e criou o seu mundo como ele queria que o mundo fosse, uma Neverland para crianças. Brincou, mergulhou com elas na piscina, atirou almofadas e água entre risos e sorrisos, foi muitas vezes criança enquanto homem e homem enquanto criança.
Como um menino deitou as mãos à cabeça quando recebeu de presente um elefante.

No palco fundia a criança desprotegida ao homem sensual.

Cantava com uma voz estranhamente desconhecida para qualquer humano. Percorreu o mundo atrás de um novo mundo, que ele sabia poder construir-se através de amor.
Saltou mundos, subiu e desceu dos céus para pôr sorrisos em milhões de crianças decepcionadas e vítimas do mundo dos grandes. Doou parte do que o talento e o sorriso de anjo lhe permitiram ganhar.
Passeava-se escondido por entre multidões. Entrava pelas portas pequenas dos grandes edifícios do mundo, e, lá dentro, era aclamado entre gritos e desmaios, entre êxtases e lágrimas, e lá, Michael, entre sorrisos, pés que voavam sobre o palco e múltiplos sinais da cruz, atrevia-se a repartir esperança, atrevia-se a dizer incessantemente “I LOVE YOU”, algo arrojado neste mundo onde vivemos e que ele, desde tenra idade, desventuradamente conheceu. Depois regressava a casa, e apesar de apenas encontrar uma solidão acompanhada, continuava cogitando como havia de moldar o mundo.

Ousou pôr esperança nas almas de quem vivia atolado em desespero. Transformou as suas dores em AMOR e distribuiu-o em forma de esperança missionando fé.

Acusado de muitas plásticas… (e que temos nós com isso?). Mas muitos que falam dessas plásticas consumiram-no, dançaram ao ritmo dele, choraram escondidos no escuro porque tinham vergonha de se identificarem com a verdade das letras em que ele fazia deslizar a voz. Invejaram essa imagem andrógena que afinal ele criou para também consumirmos. Ou não foi assim? Ide, ide ao fundo de vós e pensem se não foi assim.

A arte é o reflexo de quem a executa. Enquanto génio ele não só “se atingiu” como se superou a ele próprio. Apontou sempre o seu dedo, duma forma suave e entre linhas, a quem quer viver à margem de tristes realidades como forma de aumentar os seus bens e “dignificar a imagem”. Mas Michael mostrou até o seu avesso. A arte não mente, e para além das artes que todos nós reconhecemos nele, tem a rara arte de AMAR.

O que fez dele uma obra-prima? A sua genialidade, a sua inspiração, a sua autenticidade, a sua FÉ. Representou sempre uma mistura perigosa para quem se esconde atrás de máscaras, essas sim, máscaras invisíveis, embutes em forma, muitas vezes, de uma bondade artificial, mas facilmente identificável por não trazerem com elas o sorriso espontâneo e genuíno como só Michael tem
Ele é génio em tudo, criou até a imagem à altura da voz.
Usou a fama em favor da humanidade, em favor de todos nós, mas nem todos sabem reconhecer um gesto tão elevado.
Num mundo cheio de desespero e impiedosa desumanidade ousou pôr-nos a sonhar, ousou acreditar em nós, por isso hoje aqui estamos, protegendo-o calando algumas vozes que as nossas postagens certamente travam e que vão trocando as voltas aos que do outro lado do mundo nos quer fazer crer que Michael acabou.

Chegou a nossa vez de ousar acreditar, de ousar proteger, de ousar ajudar a “ressuscitar” quem tanto nos deu e dará seguramente. Tudo fez duma forma desinteressada e só suplicou uma contrapartida que nunca teve. Não julgar antes de conhecer, só essa. A JUSTIÇA.

Aqui estamos para lhe entregarmos tudo aquilo que nunca teve.

Era preciso “morrer”, e até isso ele fez.

Mais do que ter Michael no coração é preciso ter o coração de Michael.

I love you, Michael

(por Heal no blog do tony ramos, lindas palavras)

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